segunda-feira, 10 de junho de 2013

PROJETO DE LEI PREVÊ O FIM DOS ABORTOS EM TODOS OS CASOS E GERA POLÊMICA



A indefinição sobre a origem da vida alimenta uma enorme controvérsia sobre os limites do aborto. A polêmica ganhou força após avançar na Câmara a criação do Estatuto do Nascituro. Pela proposta, os direitos garantidos às crianças valeriam também a partir do momento em que o óvulo for fecundado.


Hoje, os direitos estão previstos somente depois do nascimento com vida. A motivação antiaborto do estatuto, porém, ameaça impor tamanho rigor na proteção dos bebês à custa de comprometer direitos das mães, alegam os opositores da proposta.

Atualmente, a lei penal permite o aborto às vítimas de violência sexual, se houver risco para a saúde da mulher ou ainda em casos de fetos que apresentarem malformação, com chances remotas de sobreviver.

 Caso a mudança seja aprovada, as vítimas de estupro, inclusive, seriam obrigadas a ter o filho, e teriam em troca apoio psicológico e um auxílio financeiro, que deverá ser pago pelo criminoso ou até com dinheiro público. “É um prêmio ao estuprador, com o Estado legitimando a violência contra a mulher”, critica Iury Puello Orozco, coordenadora do movimento Católicas pelo Direito de Decidir.

A lei também teria impacto na ciência. As pesquisas com células-tronco, liberadas por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) desde maio de 2008, e a reprodução assistidas seriam paralisadas.

O estatuto tem o respaldo da bancada evangélica - representada por 70 deputados e três senadores -, que pretende levá-lo adiante. Para entrar em vigor, a proposta precisa ser aprovada na Comissão de Constituição e Justiça, antes de seguir para os plenários da Câmara e do Senado.

Inconstitucionalidade

O Conselho Nacional de Direitos da Mulher entregará esta semana um relatório aos deputados e senadores apontando para os riscos do estatuto. “Comete uma violência ao ignorar as mulheres como ser humano e ao dar todo cuidado ao embrião e nenhum à mulher”, afirma Lúcia Rincón, integrante do Conselho.

Caso a proposta seja aprovada, uma ação no STF não está descartada. “É absurdamente inconstitucional. Um embrião não tem direito autônomo de liberdade justamente por estar na barriga da mãe”, afirma o advogado constitucionalista Pedro Serrano, professor da PUC-SP.


O Conselho Federal de Medicina elabora um projeto que autorizaria o aborto até a 12ª semana de gestação, quando o sistema nervoso do feto ainda não está formado.


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