domingo, 16 de junho de 2013

MUNDO SEM CRISE: AGRONEGÓCIO TEM LEILÕES MILIONÁRIOS


 
Maior exportador de carne do mundo, o Brasil também é líder em genética bovina --mercado composto por touros e vacas que valem e rendem milhões de reais.
No final de maio, uma vaca nelore foi vendida por R$ 2 milhões ao empresário Maurício Odebrecht. Há quem diga que foi um bom negócio.
"Essa vaca tem uma filha que foi comercializada fora de leilão por R$ 1 milhão. Por isso, alguns acham que o valor não foi tão alto assim", diz Eduardo Biagi, presidente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu).
O vendedor da Hamina, como se chama a vaca, diz que esse investimento pode ser recuperado em menos de 20 meses --período no qual a família Odebrecht fará o pagamento do animal parcelado.
Segundo Bruno Vincintin, diretor da Rima Agropecuária, com a técnica de transferência de embriões e "mães de aluguel", Hamina pode ter cerca de 60 filhos por ano. Considerando metade de fêmeas --vendidas em média por R$ 100 mil-- em um ano a renda seria de R$ 3 milhões só com as filhas do animal, que também serão reprodutoras.
"É um animal muito rentável. Optamos por vendê-lo mais pela publicidade que ele daria ao leilão do que pelo retorno na comercialização."
 
 
Jidee da Boi Gordo, novilha limousin, saiu por R$ 98 mil no 2º Leilão Boi Gordo, em Itapetininga (SP)
A Hamina faz parte do "mercado de pista", no jargão do setor. Trata-se dos badalados leilões de animais de elite, que movimentam milhões e já levantaram suspeitas de lavagem de dinheiro.
"O sistema de controle fiscal é muito mais rigoroso hoje do que no passado. A movimentação financeira é acompanhada", afirma Sérgio De Zen, pesquisador do Cepea e professor da Esalq.
Hoje, os leilões são estrelados por globais. Galvão Bueno, Ana Maria Braga, Tarcísio Meira e Regina Duarte são alguns dos famosos investidores em reprodutores.
"Não existem os colecionadores de obras de arte e de automóveis antigos? Também há quem goste de investir em melhoradores [de genética]", diz Ian Hill, diretor da Agropecuária Jacarezinho, uma das maiores vendedoras de reprodutores do país.
A Jacarezinho, porém, atua em outro segmento da área de melhoramento genético. Tem um foco mais comercial e, segundo Hill, vende animais mais adaptados à realidade da pecuária brasileira.
"Esses animais [vendidos nos leilões] são criados em cochos, mas 90% da pecuária no Brasil é pasto", diz. 
TATIANA FREITAS
FOLHA DE SÃO PAULO 

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