Os agricultores familiares são os produtores
agrícolas mais intensamente afetados pelas mudanças do clima, como a
alteração do ciclo das chuvas e o aumento das temperaturas causado pelo
efeito estufa, informou o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), Eduardo Assad, um dos palestrantes do seminário
Caminhos para uma Agricultura Familiar sob Bases Ecológicas: Produzindo
com Baixa Emissão de Carbono, que terminou na última sexta-feira (14),
na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O
evento discutiu as formas de produção agrícola familiar de forma
sustentável nos diversos biomas brasileiros.
Sobre os efeitos do clima na produção agrícola, o pesquisador da Embrapa, Eduardo Assad, explicou que a chuva é um dos fatores mais importantes. No caso do Brasil, a
Assad também explicou que, em relação ao aumento das temperaturas, deverá haver uma mudança na geografia das produções agrícolas no Brasil, com o deslocamento de algumas plantações para o sul, onde o clima é mais ameno. No caso dos agricultores familiares, esse deslocamento ocorre em menor escala, pois a maioria das famílias está fixada em local determinado. Para elas, portanto, o prejuízo é mais intenso - também por ser, em muitos casos, a única fonte de subsistência.
Culturas
Os exemplos de prejuízos são as produções de laranja e do café. Picos de temperatura, tanto para o quente quanto para o frio, alteram a floração da lavoura - o que faz com que as frutas e os grãos percam qualidade.
Para tentar minimizar os impactos do clima sobre a produção agrícola familiar, Assad citou o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que propõe ações que minimizem as emissões de gases causadores do efeito estufa. Essas medidas têm o objetivo de evitar e, sobretudo, não intensificar os problemas já existentes, decorrentes das mudanças climáticas. O programa tem vigência de 2010 a 2020 e oferece linhas de crédito.
Para o pesquisador, o programa parte da adoção de sistemas agrícolas (aplicação de técnicas e tecnologias), que podem ser conduzidos tanto por agricultores empresariais quanto por familiares - variando a escala das iniciativas.
Segundo ele, no caso da agricultura familiar, é importante a participação de atores estratégicos, no sentido de conscientizar as famílias para a adoção desses sistemas. Entre esses atores estão cooperativas (só de grão, carnes e leite são mais de 900 no Brasil), produtores de sementes (mais de 700 entrepostos), postos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Aters) e universidades com cursos de ciências agrárias (atualmente, há mais de 400, considerando zootecnia e medicina veterinária).
Fonte: Tribuna do Norte
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