Janduhi Medeiros mostra a poesia em pé de calçada
Em um passado não muito distante, a calçada era o lugar perfeito
para saber das novidades e das fofocas, prosear com os amigos e
vizinhos, aproveitar a brisa no fim da tarde ou mesmo para apreciar a
passagem do tempo. O hábito anda meio em desuso nos grandes centros
urbanos, mas no interior ainda é muito comum ver pessoas nesse
‘território mágico’ onde o tempo parece desacelerar diante da correria
da rua que está logo ali, a um passo de distância. O livro de poesia
“Calçada de Bodega”, que Janduhi Medeiros lança hoje, logo mais às 18h,
na livraria Saraiva do Midway Mall, traduz em versos o movimento que
reina nessa espécie de ‘universo paralelo’. Este é o terceiro livro do
poeta e advogado nascido e criado no Seridó.Autor escreve poesia com temática regional, mas busca a universalidade do tema
As calçadas de uma bodega em qualquer cidade pequena do Brasil, sobretudo no sertão potiguar, funcionam como uma tribuna de notícias e é em meio a esse apanhado de assuntos circulantes que pairam os poemas de Janduhi: “Sou colecionador de calçadas/ E de sombras frescas./ Guardo com esmero/ As prosas que nascem às tardinhas/ E os versos que correm livres/ E são colados no caderno da lembrança/ Com o relento das brisas”, escreve o autor em trecho do poema “Bugigangas sentimentais”.
Nascido em Ouro Branco e criado em Caicó, Janduhi escreve poesia com temática regional, sem perder de vista a universalidade de quem fala sobre coisas que são tangíveis à sensibilidade literária. Questionado quanto a possibilidade da poesia atravessar fronteiras, mesmo sendo ela amarrada a temas do cotidiano seridoense, ele enfatiza: “Claro que a poesia atravessa fronteiras. ‘Os Lusíadas’ por exemplo, de Camões, é considerada a poesia mais importante da língua portuguesa, foi publicada em 1572 e resiste ao tempo. Podemos citar, ainda, a obra de Castro Alves, pela importância lírica e realista, em favor do povo brasileiro, como exemplo dessa resistência”.
A ligação de Janduhi Medeiros com a poesia nasceu bem cedo e tem raízes no cordel. Ele contou que quando criança lia cordeis para o pai atento às histórias de Lampião.
Fui ter acesso aos romances no ensino médio, mas já estava dominado
pelo encanto da poesia. Estou tentando escrever um romance, mas a poesia
fica enciumada”, brinca o autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário