O contexto econômico mundial e seu impacto sobre o mercado de trabalho tem registrado evolução positiva nos países em desenvolvimento como o Brasil, constatou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no relatório “O Mundo do Trabalho 2013: Reparando o Tecido Econômico e Social’, divulgado nesta segunda-feira (3).
Sobre o Brasil, um dos destaques da organização no relatório foi o
crescimento de 16% da classe média entre 1999 e 2010. Segundo a OIT,
isso ocorreu devido ao fortalecimento do salário mínimo e do Programa
Bolsa Família. Essas duas políticas, para a organização, explicam a
redução da pobreza no país e o fortalecimento da economia nacional. Como
desafios, a OIT citou a redução dos postos informais de trabalho, o
aumento da produtividade, o aumento dos investimentos e o crescimento
dos salários acima da inflação.
Os países desenvolvidos, por outro lado, estão em uma situação que
pode se tornar “preocupante”, a despeito da recuperação econômica desde
2009, ano em que começou a crise financeira internacional. De acordo com
o documento, na América Latina e no Caribe, registrou-se em 2012 taxa
de emprego, em média, 1% superior à de 2008, ano anterior à crise. Na
região, essa taxa atingiu 57,1% ao fim de 2012.
“Nos países em desenvolvimento, o desafio mais importante é
consolidar os recentes progressos na redução da pobreza e da
desigualdade”, informou, em nota, o coordenador do relatório, o diretor
do Instituto Internacional de Estudos de Trabalho da OIT, Raymond
Torres. A organização citou o estabelecimento de um piso salarial – por
meio da fixação de salários mínimos – e de políticas de proteção social
como essenciais para a situação atual desses países.
Em relação aos países desenvolvidos, constatou-se que a desigualdade
de renda da população aumentou nos últimos dois anos. A principal
justificativa foi o crescimento dos níveis de desemprego no mundo. A
expectativa é que os atuais 200 milhões de desempregados cheguem a 208
milhões em 2015. Na última semana, a União Europeia registrou 26,5
milhões de desempregados.
“A situação em alguns países europeus, em particular, está começando a
forçar o seu tecido econômico e social. Precisamos de uma recuperação
global, focada em empregos
e investimentos produtivos, combinada com melhor proteção social para
os grupos mais pobres e vulneráveis”, disse, em nota, o diretor-geral da
OIT, Guy Ryder.
Para a organização, outro fator que atrasa a recuperação da geração
de empregos nos países desenvolvidos é a falta de investimentos
possivelmente gerados a partir de lucros. No último fim de semana, houve
manifestações em mais de 100 cidades europeias contra políticas de
austeridade. Segundo a OIT, apenas um terço dos investimentos globais em
2012 foram feitos por países de alta renda. Os países emergentes, em
comparação, foram os responsáveis por mais de 47% dos investimentos no
mesmo ano.
“Há uma clara relação entre o investimento e o emprego. Melhorar a
atividade de investimento é crucial para permitir que as empresas
aproveitem as novas oportunidades para se expandir e contratar novos funcionários”, explicou o coordenador do relatório, Raymond Torres.
Como forma de reduzir os impactos negativos da conjuntura de fraco
desempenho econômico e escassez de postos de trabalho, a OIT sugere que
sejam eliminadas as crenças negativas sobre as intervenções dos governos
no crescimento econômico e a capacidade que elas têm de diminuir a má
distribuição de renda entre a população. Outro ponto importante, de
acordo com a organização, é o estímulo ao diálogo social entre
empregados, empregadores e o governo para gerar melhorias no mercado de
trabalho.
Fonte: Uol
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