terça-feira, 25 de junho de 2013

NEM NOS PROTESTOS LEMBRAM DA SECA DO NORDESTE



A tragédia mais antiga e mais duradoura do país (sem contar com a roubalheira cada vez mais descarada do dinheiro de cada um brasileiro de todas as classes sociais) é a seca do Nordeste. Duradoura não apenas como fenômeno natural, mas principalmente como criminoso descaso que o governo federal, acumpliciado pelos governos locais, tem dedicado o assunto, que já comoveu (do jeito como se comove no país: “Ó coitado!”, e nada mais). A seca no Nordeste não interessa mais nem às manchetes dos jornais escritos, falado ou televisados. A seca do Nordeste não vende mais, não tem mais audiência do que a onda de protestos que fecha rodovias país afora.


Não lembro de ter visto nenhum cartaz ou faixa pedindo providências para ajudar milhares de pequenos agricultores a manter seus dizimados rebanhos de pé. Parece que 20 centavos é tudo e que milhares de vidas, humanas e animais, nem valem o esforço de fazer um cartaz ou levantar uma faixa.

Nos últimos três meses, a seca tem sido medida como a mais grave dos últimos 30 anos. A produção de cana-de-açúcar, segundo a Organização Internacional do Açúcar (OIA) em relatório mensal sofreu perdas consideráveis. Segundo a entidade, a atual safra 2012/2013 não deve alcançar 60 milhões de toneladas na região. Essa será a primeira vez desde a safra de 2006/2007 que o patamar de 60 milhões de toneladas não será alcançado. Para a OIA, a produção de açúcar na região deve cair 400 mil toneladas em relação à safra passada, para 4,2 milhões de toneladas.


Este é um foco pontual na natureza morta nordestina. A produção leiteira também está arrasada. Pior: não existe água sequer para o ser humano beber, isto é, não sobra para os rebanhos esqueléticos nem para a agricultura raquítica. A situação se agrava: está cada vez menos provável que um sertanejo migre para o Sudeste e vire presidente da República, ou “rei do baião”. As cidades estão saturadas por essa migração e a indústria não absorve mais esses retirantes. Mas continuará a migração comissionada para Brasília onde o “sertanejo universitário” pode ser deputado federal ou senador, não interessa com que prontuário sujo, e conseguirá até ser presidente da Câmara ou do Senado, os mesmos comissionados que trabalharão, como sempre trabalharam, para que o Nordeste continue como sempre esteve: seco. Despudoradamente seco.

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