Propostas e medidas para frear a criminalidade e a violência no País têm recrudescido nos últimos meses. Uma parcela significativa da sociedade defende a redução da maioridade penal e endurecimento das leis.
Segundo estudo recente divulgado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americano, especialista em estudos científicos e sociais em 17 países, denominado Mapa da Violência 2013 – o número de mortes por armas de fogo no Brasil subiu 365% em 30 anos. Por outro lado, os índices correspondentes ao número de mortes para cada 100 mil habitantes apontam que as taxas se estabilizaram a partir do ano 2000.
A solução definitiva para esse problema divide especialistas, que defendem ou condenam o desarmamento da população, visto como o ponto crucial deste debate. Para entender melhor esse complexo problema social, o Terra ouviu especialistas que atuam diretamente na área da segurança sobre alternativas para a diminuição da violência.
Pró-desarmamento
De acordo com a Coordenadora de Sistemas de Justiça e Segurança Pública do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, para se acabar com as mortes por armas de fogo no Brasil é preciso investir em uma política forte de desarmamento. “De fato, na década de 90 houve um aumento muito grande no número de mortes, porém, a partir do ano 2000, houve uma tendência de queda. Nós percebemos uma mudança no perfil dessas mortes, que deixaram as grandes cidades do Sudeste a passaram a se concentrar em áreas das regiões Norte e Nordeste”, disse.
Carolina aponta que houve um grande avanço no combate à violência com a entrada em vigor do estatuto do desarmamento, mas acredita que há muito a se fazer ainda. “A aprovação do estatuto é uma grande vitória. O que vivemos desde 2003 é o desafio para implantar o estatuto por inteiro, mas já podemos afirmar que nos Estados onde houve mais recolhimento de armas de fogo, houve uma queda maior no número de mortes”, falou a pesquisadora, que destaca o trabalho feito por Pernambuco, que foi o único Estado do Nordeste a apresentar redução nas mortes por arma de fogo entre 2001 e 2010, tendo sido o Estado com o menor número de concessões de porte de armas na região no período e o que mais recolheu armas nas campanhas de entrega voluntária.
Contra o desarmamento
Para o ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e vereador de São Paulo coronel Paulo Adriano Lucinda Telhada, o desarmamento pode ser um fator que potencializou os crimes violentos na sociedade. Para ele, o ideal era que houvesse a possibilidade do porte de arma, mas com um controle rígido sobre isso.
“Vejo o crime com armas de uma maneira que eu responsabilizo até a própria lei do desarmamento. Sabe por quê? Porque a lei do desarmamento é feita para punir o cidadão de bem. O bandido não está nem aí se tem a lei do desarmamento, ele vai continuar armado do mesmo jeito, e com armas pesadas”, disse o vereador.
Para o ex-policial, o número alarmante de mortes por armas de fogo no País existe em decorrência da própria legislação. “Eu acho que um dos problemas sérios da morte com relação a armas de fogo, de modo geral, é uma legislação muito branda. Eu vejo como uma legislação falha, na qual o cara que comete crimes seja encarado como uma pessoa que fez isso (por causa) da lei e por nossa sociedade terrível. Vejo que a nossa lei é até benévola: ela vitimiza o bandido. A vítima do crime acaba sendo vítima do bandido e da própria sociedade. Isso é algo muito perverso de se pensar”, falou Telhada.
Fonte: Portal Terra
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