Seu Fernando (ao centro) com Gonzaga e Erivoneide com a mochila deixada no carro
O taxista Fernando Salustino de Sena, de 65 anos, trabalha nas ruas de Natal
há 35 e já encontrou muitos objetos esquecidos dentro de seu carro em
tantos anos de profissão. Mas, nesta sexta-feira (12), ele se
surpreendeu: um casal esqueceu uma mochila com R$ 15 mil no veículo. Seu
Fernando, como é conhecido no ponto em que trabalha, só sossegou quando
conseguiu devolver o dinheiro ao comerciante José Gonzaga, de 45 anos, e
sua esposa Erivoneide Pinheiro de Lima, 35.
Seu Fernando contou ao G1 que deixou o casal no bairro
das Quintas, na zona Oeste da capital potiguar, e foi buscar sua esposa
no trabalho. "Quando minha mulher entrou no carro ela viu logo a
mochila no banco de trás. Como ela é curiosa que só, abriu para ver o
que tinha dentro. Quando ela viu aquele monte de dinheiro a gente ficou
nervoso demais", disse.
E aí começou uma sequência de desencontros. Seu Fernando voltou ao
bairro das Quintas para devolver a mochila, mas não encontrou o casal.
"Eles desceram de um lado da rua e atravessaram, e eu não vi em que casa
eles entraram e eu também não ia reconhecer o rosto deles porque a
gente não dirige olhando pro rosto dos passageiros", disse. Foi então
que Seu Fernando voltou ao ponto de táxi onde o casal havia embarcado e
perguntou aos colegas de trabalho se alguém tinha ido lá procurá-lo e a
resposta foi negativa.
O comerciante José Gonzaga, por sua vez, só percebeu que tinha
esquecido a mochila por volta das 19h, uma hora e meia depois de ter
sido deixado em casa pelo taxista. Só então ele chamou o filho e foi de
moto ao ponto de táxi tentar encontrar Seu Fernando, mas ele não estava
lá. "Eu voltei pra casa preocupado, pensando que talvez eu nunca mais
visse esse dinheiro", disse Gonzaga.
Seu Fernando também foi para casa. "Eu tava aperreado demais. Só pensava que alguém podia roubar aquele dinheiro. Escondi bem escondido em cima do guarda-roupa e hoje de manhã coloquei a mochila no porta malas do carro, debaixo do estepe e fui pro ponto", disse. Às 7h deste sábado o comerciante voltou ao ponto de táxi na esperança de encontrar Seu Fernando, mas ele não havia chegado.
Seu Fernando também foi para casa. "Eu tava aperreado demais. Só pensava que alguém podia roubar aquele dinheiro. Escondi bem escondido em cima do guarda-roupa e hoje de manhã coloquei a mochila no porta malas do carro, debaixo do estepe e fui pro ponto", disse. Às 7h deste sábado o comerciante voltou ao ponto de táxi na esperança de encontrar Seu Fernando, mas ele não havia chegado.
"Eu fiquei lá esperando e quando ele chegou eu falei que tinha
esquecido uma mochila dentro do carro dele e ele me perguntou o que
tinha dentro dessa mochila, aí eu falei '15 mil reais'. Aí ele começou a
brigar comigo, me chamou de irresponsável, disse que eu tinha que ter
mais cuidado com as coisas e que ele não tinha dormido direito por causa
do dinheiro. Parecia um pai brigando com o filho", contou Gonzaga.
Aquilo que não é da gente não deve ficar com a gente. A honestidade acima de tudo"
Seu Fernando
E Seu Fernando confirmou. "Foi isso mesmo. Eu dei uma bronca nele para
ele ser mais cuidadoso", contou aos risos. Passado o susto e a
preocupação de todos, o taxista disse que em nenhum momento pensou em
ficar com o dinheiro. "Aquilo que não é da gente não deve ficar com a
gente. Nem passou pela minha cabeça ficar com o dinheiro dele. Desde a
hora que eu vi aquele dinheiro todo que eu só pensava em devolver. A
honestidade acima de tudo", disse.
O comerciante José Gonzaga disse que também tirou uma lição de tudo
isso. "A gente vive em um mundo com tanta coisa errada, com tanta gente
corrupta, que a gente acaba desacreditando que existem pessoas honestas.
E hoje eu vi que existem sim e o Seu Fernando é prova disso", disse.
A esposa do comerciante, Erivoneide Pinheiro, depois de passar a noite
acordada chorando, também agradeceu ao taxista. "Isso tudo mostrou que
os bons são a maioria. Eu sou grata a Seu Fernando e grata a Deus por
tudo ter acabado bem", disse. O casal também deu R$ 500 para o taxista,
que relutou, mas acabou aceitando a 'recompensa'.
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