Se você pedir detalhes sobre como o Facebook usa suas informações, a resposta será nula, incompleta ou uma enganação, argumenta Mark Schrems, líder de uma organização que acusa a rede social de descumprir as leis de privacidade europeias – a Europe vs Facebook.
"Em muitos casos, eles mentem de forma escancarada para
você. Eles sempre dizem: ‘muito obrigado pela sua pergunta, 'blá blá
blá’, viram as costas e a jogam fora", afirma Schrems.
Em 2011, esse austríaco então com 23 anos conseguiu com
base na lesgilação europeia obrigar o Facebook a lhe enviar um dossiê
com – supostamente – todas as informações que armazenava sobre ele.
Havia ali, descobriu Schrems, até informações que ele próprio havia
excluído.
Todo mundo fora dos Estados Unidos ou do Canadá pode
fazer um pedido semelhante, lembra Schrems – já que o contrato, nesses
casos, seria com a sede do Facebook na Irlanda. Mas a resposta, muito
provavelmente será nula.
"Cerca de 70 mil pessoas em todo o mundo pediram os
dados, mas ninguém conseguiu. Elas são orientadas a usar uma ferramenta
de download que só permite acesso a uma parte dos dados, e não a todos
os dados que estão guardados no servidor [ do Facebook
]. E você não consegue saber tudo o que está no servidor deles", diz Schrems.
Nos trechos da entrevista publicados abaixo, o ativista
comenta as vitórias já obtidas pela associação, as ações movidas contra
outras empresas após o escândalo da espionagem americana e propõe que as
redes sociais possam se comunicar entre si, para que haja mais
concorrência entre elas.
Em nota, o Facebook diz que proteger a privacidade dos usuários é prioridade.
"Nós não disponibilizamos a qualquer organização
governamental o acesso direto aos servidores do Facebook. Quando são
solicitados dados ou informações sobre indivíduos específicos,
examinamos cuidadosamente qualquer pedido e fornecemos informações
apenas na medida exigida pela lei”, informou.
Como fazer para que as pessoas se mobilizem para
lutar por sua privacidade na internet e garantir que as empresas cumpram
as leis?
Max Schrems
: É muito difícill. Estamos muito no começo da discussão. É como pensar a
questão ambiental nos anos 1960. E tecnologia é um tópico muito
complicado: é difícil entender o que o seu telefone ou o Facebook fazem.
Também é muito díficil encontrar provas sobre o que está acontecendo.
Por outro lado, na Europa você tem o direito constitucional à
privacidade, mas nada acontece se você descumprir as leis.
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