O Maláui planeja usar os US$ 15 milhões (R$ 36 milhões) arrecadados com a
venda do avião presidencial do país para alimentar mais de 1 milhão de
pessoas necessitadas, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira.
O país irritou doadores ocidentais, que fornecem cerca de 40% do
orçamento nacional, quando o então presidente Bingu wan Mutharika, morto
no ano passado, adquiriu um avião Dassault Falcon 900EX, com 14
lugares, em 2009.
A presidente Joyce Banda, que o substituiu Mutharika depois de sua
morte, fez da venda do avião uma prioridade do seu governo, na esperança
de reparar o dano causado pelas desavenças do antecessor com os
doadores.
"Os US$ 15 milhões que recebemos pela venda do avião presidencial serão
usados para adquirir milho localmente, a fim de alimentar as massas
sofredoras, e parte irá para a produção de legumes", disse Nations
Msowoya, porta-voz do Tesouro do Malaui.
Segundo ele, o dinheiro representa mais de metade da verba destinada
para a compra de milho até o final de março para 1,46 milhão de pessoas
cadastradas pelo Comitê de Avaliação da Vulnerabilidade no Malaui, um
órgão afiliado à ONU.
O Reino Unido, principal doador do país, criticou a compra do avião em
2009 e por causa disso reduziu em US$ 4,7 milhões (R$ 11,3 milhões) a
ajuda ao país africano.
Mas Banda, candidata a um novo mandato no ano que vem, tem sido elogiada
no Ocidente pelas medidas de austeridade e pelos gestos destinados a
estimular a economia.
A presidente já reduziu seu próprio salário em 30% e prometeu vender 35
veículos Mercedes-Benz da frota presidencial. Por outro lado, a
desvalorização da kwacha (moeda local) gerou inflação e elevou o preço
dos alimentos nas zonas rurais, afetando a popularidade de Banda.
A venda do avião presidencial para a empresa Bohnox Entreprise, das
ilhas Virgens, foi anunciada em maio. O jato de luxo custava US$ 300 mil
(R$ 720 mil) por ano ao Malaui em manutenção e seguro.
DA REUTERS
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