E
o Brasil é um trampolim. Voltemos aos cubanos. Depois de perambular
pelo Haiti e Venezuela, uma missão médica de Cuba chega ao Brasil.
Primeiro país poderoso, primeira sociedade de consumo e livre que
conhecem. Liberdade de andar, passear, viajar. De comprar, vender, ter.
De alimentar-se sem entrar em fila. De ir ao mercado sem precisar rezar
para que ainda haja produtos alimentícios. De acessar jornais e revistas
independentes e viajar pelo mundo pelas asas do Google. Vocês acham que
os 4.000 médicos cubanos que vem para o Brasil são otários tontos,
apaixonados pelo Fidel e amantes de seu regime? Pelo contrário, estão
rezando para que o programa em andamento não seja abortado pelo Fidel.
Durante uma viagem a guia russa explicava: “No comunismo, a falta de
comida e roupas era imensa. Minha mãe morava em S.Petersburgo e eu em
Moscou. Para visitá-la tinha de pedir autorização. Quando o regime
comunista caiu o povo foi às ruas comemorar. Alguns meses depois alguns
políticos e militares depostos, tentaram aproveitar os problemas desta
troca de regime, para fazer voltar o comunismo. O povo não aceitou e
correu com eles. A democracia não era tudo que imaginávamos, mas era
melhor que o regime antigo”
O
Brasil dos cubanos é trampolim para uma vida melhor e a liberdade. E
até para Miami! Estão pouco preocupados se vão receber 10 ou 20% dos
famosos dez mil reais. Isso é um nada. Valor de aposta com garantia de
prêmio. A vida vai ser assim: casa, luz, água, telefone e internet de
graça. Comida garantida pela prefeitura. Amizades fáceis de fazer pela
índole do povo de cidade pequena. Moças solteiras (de todas as idades),
dispostas a namorar o novo bom partido da cidade. E, os cubanos também
latinos, assim que aprenderem o que é viver como donos de seus destinos,
usufruindo o país rico, vão voltar por quê? Em um navio, contava a
enfermeira de marido médico, ambos cubanos: “Meu marido era pesquisador
de Departamento na Universidade de Havana. Profissionais apolíticos,
Fidel nunca nos perseguiu, até o momento que pedimos autorização para
mudarmo-nos para os EUA. Passamos a ser mal vistos e preteridos. Vivemos
com medo durante anos, escondendo o salário que recebíamos. Com a ajuda
de parentes e subornos, conseguimos sair. Só pudemos levar o que cabia
nas malas. O resto ficou para o governo”. Que acham que farão os médicos
cubanos?
Ivar Hartmann
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