A expectativa de vida do brasileiro cresceu 11,24 anos
entre 1980 e 2010, revelou nesta sexta-feira (02) a pesquisa Tábuas de
Mortalidade 2010 – Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação,
divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O
crescimento entre as mulheres ficou em 11,69 anos, enquanto entre os
homens a elevação atingiu 10,59 anos.
Segundo o gerente de Componentes de Dinâmica Demográfica
do IBGE, Fernando Albuquerque, o Nordeste representava, em 1980, a
região com menor índice de expectativa de vida. A aplicação mais eficaz
de programas sociais e de projetos de distribuição de renda favoreceram o
crescimento da taxa da região. “Todos os programas [geraram impacto
positivo na região: houve] aumento na qualidade de atendimento de
pré-natal, transferência de renda [propiciada pelo] Bolsa Família e
melhor instrução. O programa Saúde da Família não [previne a mortalidade
apenas na infância], mas em todas as faixas de idade. São programas
importantes que representam forte impacto na [redução da] mortalidade.
[Há] um aumento maior da expectativa de vida na região Nordeste”,
explicou.
A elevação da expectativa de vida entre as mulheres foi o
fator que favoreceu também o resultado do Rio Grande do Norte, que
apontou a maior elevação entre os estados da região (15,85 anos). Lá, a
taxa das mulheres ficou em 17,03 anos. “Em 1980, o Rio Grande do Norte
também era um dos estados em que a mortalidade era mais elevada,
consequentemente com uma expectativa de vida mais baixa. Então de certa
forma estes programas aceleraram a diminuição [das taxas de] mortalidade
e ganhos na expectativa de vida”, explicou.
O pior resultado de crescimento entre as regiões foi no
Sul (9,83 anos). Apesar disso, a região ainda registra as mais altas
taxas de expectativa de vida do país. Em 1980 era de 66,01 anos, a mais
elevada daquele ano. Em 2010 atingiu 75,84 anos, também a maior
expectativa entre as regiões. “Os níveis de mortalidade já eram mais
baixos. Os aumentos ocorreram, mas com menos intensidade. Essas
expectativas de vida já eram elevadas”, disse o gerente.
A segunda região a apresentar maior crescimento nos 30
anos compreendidos entre 1980 e 2010 foi a Centro-Oeste com elevação de
10,79 anos (de 62,85 para 73,64 anos). Em terceiro ficou o Sudeste que
teve elevação de 10,58 anos (de 64,82 para 75,40 anos). A quarta foi a
região Norte, que passou de 60,75 para 70,76 anos, representando um
aumento de 10,01 anos na taxa.
Na avaliação do gerente do IBGE, no Norte, a dificuldade
de acesso aos programas sociais impediu um desempenho melhor na
esperança de vida. “Os programas sociais existem, mas há uma maior
dificuldade em função da extensão da região e dificuldade de acesso. São
populações ribeirinhas, onde o indivíduo tem de viajar vários dias para
chegar a um posto de saúde”, explicou.
A pesquisa analisa resultados sobre a esperança de vida
por sexo e compara informações sobre as regiões do país e dos estados. O
trabalho utiliza dados do Censo Demográfico 2010, das estatísticas de
óbitos obtidos no Registro Civil e do Sistema de Informação sobre
Mortalidade (SIM) do ministério da Saúde para o mesmo ano.
* Com Agência Brasil
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