quinta-feira, 8 de agosto de 2013

LEI ALIMENTAR AMERICANA PODE AFETAR AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

               
As novas regras propostas pela Lei de Modernização de Segurança Alimentar (FSMA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos deixaram apreensivo o agronegócio brasileiro. O setor avalia que a possibilidade de se instalar uma barreira para as exportações nacionais é latente.

Em vigor desde 2011, o FSMA passa por uma regulamentação e está em fase de implementação. A medida impõe nova fiscalização para cultivo, colheita, embalagem e armazenamento de alimentos importados pelos Estados Unidos. Aos processadores de alimentos, cabe avaliar os riscos de suas operações e desenvolver medidas eficazes para evitar a contaminação.

A mudança afetará 110 mil empresas de 150 países, que exportam aos EUA. Hoje, aproximadamente 15% da oferta alimentícia do país mais rico do mundo são importados deste rol de nações. Metade das frutas, 20% das verduras e grande parte dos frutos do mar consumidos pelos americanos são comprados de fora do país.

A nova lei procura, porém, minimizar o risco de doenças graves ou morte. A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês), responsável pela fiscalização, afirma que, a cada ano, 48 milhões de americanos são afetados por doenças transmitidas por alimentos, acarretando mais de 100 mil hospitalizações e milhares de mortes.

Vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Carlos Sperotto enxerga a nova regulamentação por dois pontos. Para ele, a proposta de Barack Obama, por um lado, busca prevenir a população, mas por outro, protege o seu produto. “Nós seríamos ingênuos se assim não pensássemos”, afirma Sperotto. Em 9 de agosto, uma reunião nacional entre os setores envolvidos deve esclarecer a situação e buscar um posicionamento consensual.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a FDA admite que pelo menos 80% das exportações brasileiras de alimentos para os EUA sejam afetadas pelo FSMA. Os principais itens afetados seriam açúcar, soja, suco de laranja, café, bebidas e arroz, que somaram US$ 1,2 bilhão no primeiro semestre deste ano, 10% das vendas para os EUA no período.


Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP) especializado em agronegócio, Decio Zylbersztajn acredita que a política regulatória norte-americana pode sim afetar o comércio de alimentos. Ele afirma ainda que a discussão não é nova, que já ocorrera quando o mal da vaca louca atingiu a Europa.
Mas também é um momento de pensar em qual a segurança alimentar dos brasileiros. Zylbersztajn vê o setor público defasado e despreparado para fazer a inspeção adequada para os produtos de consumo no País. Para ele, é preciso também cuidar do problema no plano interno, por uma questão de saúde pública.

A fim de buscar o esclarecimento quanto à lei, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e a embaixada americana promovem, em 13 de agosto um seminário sobre o tema, na sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em Brasília. Já as propostas do FSMA estão abertas para discussão até 16 de setembro.

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