quinta-feira, 9 de maio de 2013

SUPLEMENTO ALIMENTAR PROMETE EFEITO CONTRA ALZHEIMER



Um complemento alimentar que promete melhorar a memória de pacientes em estágio leve de alzheimer entrou discretamente no mercado brasileiro em setembro de 2012 e já é usado por mais de 2.000 pessoas no país.
Apresentado oficialmente para o público ontem, o produto, porém, divide especialistas. Para alguns, faltam pesquisas que comprovem os benefícios do composto.

O suplemento é uma mistura de nutrientes --incluindo óleo de peixe, ômega 3, selênio e vitaminas-- que têm o objetivo de "turbinar" o cérebro.
Eles ajudariam na formação da membrana dos neurônios, melhorando, assim, as sinapses --a comunicação química dessas células.
Por enquanto, os efeitos do Souvenaid, fabricado pela Danone, só estão documentados em um cenário: pacientes em estágio muito leve da doença e que ainda não fazem uso de remédios que inibem a beta-amiloide, proteína apontada como a culpada pelo mal de Alzheimer.
Em dois estudos patrocinados pela Danone com pessoas nessas condições, quem usou o composto teve melhora na memória em relação ao grupo que recebeu placebo.
Mas, em outro teste, com pacientes em um estágio moderado da doença e que tomavam remédios, a bebida não fez diferença.
EFEITO PREVENTIVO
Especialistas ouvidos pela Folha disseram que, com base nos estudos já apresentados, ainda é precipitado falar em uso preventivo contra o mal de Alzheimer.
"Ainda não há resultados sobre o uso [do suplemento] por pessoas saudáveis ou por pacientes leves que já usem medicação", afirma a neurocientista Luísa Lopes, pesquisadora do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa.
"Não podemos afirmar que existe efeito protetor, mas os dados permitem inferir que isso é possível", disse Marcelo Borges, presidente da Divisão de Nutrição Especializada da Danone.
"De qualquer maneira, o objetivo não é substituir a medicação. É algo complementar ao tratamento", diz Cláudio Sturion, diretor médico da divisão, destacando que o Souvenaid não interfere no uso do remédio e não tem efeitos adversos sérios.
A combinação do suplemento alimentar e da medicação, porém, dobraria os gastos dos pacientes, já que os dois têm preços similares.
O neurologista Ivan Okamoto, coordenador do Instituto da Memória da Unifesp, disse já ter apresentado a bebida para alguns de seus pacientes, mas diz que, por causa do preço --R$ 10 cada potinho, que deve ser tomado diariamente--, muitos preferem usar só a medicação.
Também à venda na Bélgica, Alemanha, Holanda, Itália, Irlanda e no Reino Unido, o composto deve ser lançado em mais dez países até o fim de 2013 e nos EUA em 2014, dependendo da aprovação das agências reguladoras. 
Folha de São Paulo

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